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Estratégia 4.0 e a importância do planejamento baseado na rede de significado.

Existe um conceito universal onde grande parte dos profissionais de estratégia de negócios desconhecem ou simplesmente omitem em seu planejamento, chamamos de "ordens imaginadas".

Este fato acontece porque presumem que há somente dois tipos de realidade: a realidade objetiva e a realidade subjetiva. Na primeira, os fatos existem de forma independente de nossas crenças e sentimentos.

A gravidade, por exemplo, é uma realidade objetiva. Pois ela existia muito antes de Newton e afeta pessoas que não acreditam nela tanto quanto aqueles que acreditam.

A realidade subjetiva, em contraste, depende das nossas crenças e sentimentos pessoais. Assim, suponha que eu sinta uma forte dor de cabeça e vá ao médico. O profissional me examina meticulosamente, mas não acha nada de errado nos exames solicitados. No entanto a forte dor de cabeça ainda persiste, apesar do fato de somente eu e mais ninguém, sente a dor, para mim ela é real, ou seja subjetiva para os outros.

Existe uma polaridade na qual as pessoas só acreditam em uma das duas realidades, não havendo espaço para uma terceira opção. E a forma de percepção é simples, se algo não passa de um sentimento subjetivo como a minha dor de cabeça por exemplo, então por eliminação é considerada como objetiva ou vice versa.

Se a maioria das pessoas no mundo acreditam em Deus, se o dinheiro faz o mundo girar, se o nacionalismo exacerbado desencadeia guerras e constrói impérios - então isso não é apenas uma crença subjetiva.

Na sua opinião, Deus, o dinheiro e as nações devem ser realidades objetivas?

Entretanto, devemos postular a existência de um terceiro nível de realidade: o nível intersubjetivo. Esta entidade dependem da comunicação entre humanos, e não das crenças e dos sentimentos humanos individualmente. Se pensar bem, muitos dos agentes mais importantes de nossa história são intersubjetivos. Olhe para o dinheiro por exemplo, se avaliar a fundo perceberá que não tem valor objetivo. Não se pode comer, beber ou vestir uma nota de cem reais. Porém você, eu e mais de 200 milhões de brasileiros acreditam que ele tem valor, pode-se usá-lo para comprar alimento, bebidas e roupas. Agora se o açougueiro simplesmente perder a fé no valor desta nota e se recusar a trocar um Kg de Filet Mignon pela sua nota de cem, não tem muita importância. Basta atravessar a rua ou andar alguns quarteirões e ir até o supermercado mais próximo.

No entanto, se os caixas do supermercado também se recusarem a aceitar esse pedaço de papel que custa para o Banco Central apenas R$ 0,24 e feirantes, vendedores, lojistas também não aceitarem mais, ele terá perdido o valor. Entretanto o pedaço de papel continuará a existir, é claro, mas sem nenhum valor.

Isto acontece por uma simples realidade intersubjetiva

O dinheiro não EXISTE!

O que realmente existe é o crédito que damos ao papel, e crédito é a base de qualquer sistema econômico no mundo, entretanto crédito é baseado na confiança, e confiança é a base de sustentação de qualquer sociedade.

Para exemplificar esse ponderamento, é só voltar algumas décadas atrás e estudar o plano econômico desastroso de Fernando Collor de Melo ou atualmente com a operação Lava Jato.

O valor da moeda não é a única coisa que pode evaporar quando as pessoas deixam de acreditar nela. O mesmo pode acontecer com leis, deuses e até com sua empresa. Grande corporações podem em determinado momento ditando as regras e moldando o mundo e, no momento seguinte, não existirem mais. Zeus e Hera foram poderosos na bacia do Mediterrâneo, mas hoje não têm autoridade alguma porque ninguém mais acredita neles. houve um tempo que a União Soviética poderia destruir toda a raça humana, mas ela deixou de existir num golpe de caneta.

A Blockbuster, a maior rede de locação de vídeos do mundo com um board de excelentes executivos alicerçados com as melhores práticas de gestão da época, destruíram uma empresa sólida e não foi pelo avanço da NETFLIX e muito menos por não acreditarem na Lei de Moore e suas possibilidades tecnológicas emergentes.

Ela simplesmente se recusou a entender o avanço da velocidade e da interatividade de comunicação entre os Humanos, que consequentemente resultou em uma realidade intersubjetiva posteriormente. Podemos chamar esta realidade intersubjetiva por DEMOCRATIZAÇÃO DO CONSUMO DIGITAL.

Avisos não faltaram, pois vários softwares com o CRM Sales Force já praticavam o modelo de negócios baseado em assinatura que logo foi copiado por várias empresas como Netflix, Adobe e Microsoft.

Voltando ao exemplo do dinheiro, é relativamente fácil aceitar que o dinheiro é uma realidade intersubjetiva. Geralmente as pessoas também se compadecem em saber que os antigos deuses gregos, impérios malignos e valores de culturas estrangeiras só existem em nossa imaginação. 

Mas ainda não queremos aceitar que nosso Deus Cristão, nossa nação brasileira, nossos valores são apenas ficção porque é isso que dá sentido à nossa vida?

Queremos crer que nossa vida tem algum significado objetivo e que nossos sacrifícios têm importância para algo que está além das histórias em nossa cabeça. Na verdade, contudo, a vida da maioria das pessoas só têm significado dentro da rede de histórias que elas contam umas para outras.

Aí pergunto, quais histórias seus clientes e multidão contam de sua marca?

Uma realidade cria um significado quando muitas pessoas tecem juntas uma rede comum de histórias. Por que determinada ação - como casar-se, jejuar no Ramadã, votar no Bolsonaro como repugnação ao PT, deixar alugar filmes para assinar a Netflix(mesmo com a demora para carregar os filmes no início) - parece significativa para mim?

Então porque meus pais também a consideram significativa, ou meus amigos, vizinhos, pessoas em cidades próximas e mesmo até em outros países distantes do Brasil.

Porque eles compartilham a mesma opinião. As pessoas reforçam constante e reciprocamente suas crenças, num ciclo que se autoperpetua. Cada rodada de confirmação mútua estreita ainda mais a teia de significados, até não se ter muita opção a não ser acreditar naquilo em que todos acreditam.

Mas no decorrer de décadas e de séculos a teia de significados se desfia e uma nova teia estende-se em seu lugar. Estudar história significa observar a tecedura e o desfazimento dessa teia e dar-se conta de que o que parece ser o que há de mais importante na vida de alguém em determinado período torna-se para seus descendentes algo totalmente desprovido de significado e pior, não conseguimos compreender como alguém a levou a sério.

Nós Homo Sapiens governamos o mundo porque somente nós somos capazes de tecer uma rede intersubjetiva de significados: uma rede de leis, forças, entidades e lugares que existem unicamente em nossa imaginação comum. Essa rede permite apenas aos humanos organizar cruzadas, revoluções socialistas, movimentos de direitos humanos e ultimamente criar uma quarta realidade, o MIx Reality.

Falando nisso, como seu planejamento estratégico tratou a realidade virtual em seu negócio hoje?

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